sexta-feira, 6 de outubro de 2017

E quando os filhos crescerem?

No outro dia disseram me :" Qualquer dia ela vai esquecer tudo o que fizes te por ela!". Realmente é verdade. Eu falo por mim. Eu esqueço me as vezes que a minha mãe se levantou durante a noite para ver se eu estava bem, as vezes que não comeu algo porque eu queria, as vezes que não pode fazer algo pois eu estava doente, as vezes que teve que aturar uma birra minha porque me apeteceu. E isto foi só algumas coisas...

Sei que a minha filha está a crescer.
Pouco a pouco vai deixar de haver um bebe e as noites mal dormidas e os dias sem repouso acabarão.
As mãos pequeninas e gorduchinhas, que passam a vida a mexerem se e a arranharem me... do peso de a ter ao meu colo que me fazem vergar as costas e doer. O tempo vai voltar a dar me a minha folga para descansar e fazer arrumações, para poder ler um bom livro e sair.
Vai voltar arrefecer a minha cama e alegria de a partilhar com o ser minúsculo que ela era. E por muita bondade que ela possa ter, o tempo vai roubar aquele amor poderoso e incontrolável que ela tem por mim.
O meu nome já não vai ser gritado nem pronunciado mil e uma vezes ao dia. Vai deixar de me pedir ajuda, pois acredita que eu jamais a poderei salvar do que quer que seja. As imitações vão deixar de fazer parte dela, pois já não vai querer ser igual a mim. A minha companhia já não a fará feliz e vai preferir a de outras pessoas. Já não sentirá ciumes de outras crianças ao meu colo.
Já poderem usar a casa de banho sem ter alguém sentado no chão a olhar para mim. As suas gargalhadas contagiantes, as canções, os nossos cochilos e as historias de "era uma vez" se apagarão aos poucos. Com o tempo irei só ter defeitos para ela.

Ela pode vir a esquecer, mas eu jamais vou esquecer os beijinhos nos doí dois dela, os choros que paravam só quando lhe pegava ao colo, os cucus que fazíamos, as brincadeiras, as coceguinhas, as febres, os dentes a nascer, os tintens que a deixavam ficar de pé algum tempo, o gatinhar feroz, os beijos babados, as festinhas enquanto adormecia ao meu lado. Esquecerá que andava sempre agarrada á minha maminha, que a carreguei imensas vezes ao colo para a escola. Esquecerá que adormeceu no meu peito inúmeras vezes e que um dia precisou imenso de mim como o ar que respira.

Mas não tem mal. O tempo é mesmo assim. E eu cá estarei para lhe relembrar tudo, com muito amor e sem arrependimentos. Voltaria a viver tudo.
Conselho? Aproveitem ao máximo. Eu tenho imensas saudades da minha barrigona e de quando ela era um ser minúsculo. Agora a caminho dos 9 meses sinto que estou a perder imenso. Mas sempre que posso tento compensar com muito amor e paciência, pois amor ainda tenho muito para lhe dar.


Ainda falta muito para isto acontecer, mas vou me mentalizando já. Quando menos esperar estou eu sentada numa cadeira de baloiço a ler historias aos meus netos.

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